O novo Centro Aquático Olímpico nos arredores de Paris apresenta uma característica interessante: não é apenas seu design impressionante ou a capacidade de abrigar 5.000 espectadores, mas o fato de ser construído principalmente em madeira e montado como um quebra-cabeça gigante.
Projetado pelos escritórios Ateliers 2/3/4/ e VenhoevenCS, esse centro é o ícone arquitetônico dos Jogos de Verão de Paris 2024, que está focado em evitar a construção de novos edifícios. Tradicionalmente, cidades-sede dos Jogos Olímpicos aproveitam o evento para realizar grandes projetos transformadores, como a expansão de sistemas de metrô ou a requalificação de áreas abandonadas. Paris, no entanto, busca um legado sustentável em vez de construções monumentais.
Ainda assim, há novos projetos como a Aldeia Olímpica, que será um bairro ecológico com edifícios de madeira e vidro, todos alimentados por energia sustentável. Além disso, uma arena de 8.000 lugares em Porte de la Chapelle será construída com uma fachada de alumínio reciclado e estrutura de madeira, servindo de sede para o time de basquete de Paris.
No geral, 95% das instalações dos Jogos Olímpicos serão estruturas já existentes ou que serão desmontadas e reutilizadas. Essa abordagem de “fazer e consertar” pode impulsionar uma transformação verde na construção civil francesa, reduzindo a pegada de carbono e promovendo o uso de madeira em novas construções.
Especialistas da indústria estão otimistas sobre essa mudança. Embora a França ainda esteja atrás de países como Áustria e Alemanha em alguns aspectos, ela lidera na utilização de materiais biológicos, como a palha, para construção. O mercado da construção em madeira na França está crescendo, com um aumento de 14% desde 2020. No entanto, a proporção de novos edifícios construídos em madeira ainda é pequena, mas o objetivo é aumentar essa participação para 20% a 30% até 2030.
O Centro Aquático, pré-fabricado na Alsácia pela empresa Mathis, é um exemplo claro das vantagens de construir em madeira. A madeira oferece benefícios estéticos e práticos, como menor necessidade de acabamentos adicionais e maior charme natural. Além disso, a madeira é considerada neutra em carbono se as árvores derrubadas forem substituídas por novas.
A França tem potencial para ser um grande produtor de madeira, embora 75% de suas florestas estejam em terras privadas, o que dificulta a gestão. Além disso, a indústria de madeira enfrenta desafios geopolíticos, como a guerra na Ucrânia, que afeta a estabilidade dos preços.
Outro exemplo de construção em madeira para as Olimpíadas é o Grand Palais Éphémère, perto da Torre Eiffel. Projetado por Jean-Michel Wilmotte, esse salão temporário será usado para eventos olímpicos e, depois, dividido em unidades menores para reutilização. Suas propriedades isolantes e natureza efêmera o tornam ideal para um país com um rico patrimônio arquitetônico.
As Olimpíadas de Paris 2024 estão redefinindo a abordagem da construção sustentável, utilizando a madeira de maneira inovadora e eficiente. Essa estratégia pode servir de modelo para futuras construções e eventos, promovendo um legado de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.